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Estreia da Semana: Intocáveis

Intocáveis: dessa vida, não quero nada de graça.

Nome de extrema potência no cinema europeu, a França ganhou notoriedade ainda maior quando lançou no ano passado Intocáveis (Intouchables, FRA, 2011), filme que levou mais de quinze milhões de espectadores aos cinemas – tornando-se a segunda maior bilheteria do país – e que tem estreia prometida para essa sexta-feira no Brasil.

Embora se aproveite – muito bem, diga-se de passagem – de sua tradição em contar histórias comuns e cotidianas, esse exemplar francês, comandado pela dupla de diretores Olivier Nakache e Eric Toledano, ainda agrega o fato de ter em seu roteiro o sempre atraente ‘baseado em fatos reais’, que guarda devidas proporções, claro.

Intocáveis aborda então a vida de Phillipe (François Cluzet), um abastado viúvo parisiense que tenta contornar sua tetraplegia com perseverança e bom humor – elemento esse, aliás, que torna-se o grande trunfo da fita, retirando sua cabisbaixez e retratando com leveza o grande problema do protagonista.

Acostumado a ser servido e paparicado a todo tempo – mais por sua condição física do que pela riqueza em si – o milionário que a todo tempo se divide entre o tudo e o nada, gosta de se colocar metas, cumprir desafios e tem medo mesmo apenas de conhecer as mulheres com quem se corresponde por cartas.

Um desses novos desafios de Phillipe é encontrar um novo braço direito, já que seu último empregado acabou abandonando o exigente cargo. Numa vasta lista de selecionados para entrevista, ele então conhece o senegalês Driss (o inspirado Omar Sy), figura típica da classe baixa francesa, que vive de pequenos bicos e do seguro desemprego que o governo lhe concede.

Desbocado, marrento e desleixado, Driss acaba intrigando seu possível novo chefe não apenas por desdenhar da oportunidade que lhe é dada, mas também por deixar escapar que há sim, dentro dele, um homem de princípios e bastante aculturado. Com pacto firmado, contratante e contratado se dão um mês para ver o que acontece nessa improvável relação que irá se estabelecer ali.

Somos então colocados numa luta de contrastes. Alguns vão funcionar muito bem para o público em geral, como as diferenças entre o erudito e o hip-hop, do frágil à força bruta, da apreciação de uma obra de arte à leitura de um simples rabisco, tudo muito divertido e impulsionado por uma química primordial entre a dupla de atores. Outros vão além, como as diferenças sociais expostas no filme – leia-se, uma periferia que vive em estado crítico de mutação – fato que interessa muito mais à compreensão dos franceses do que dos estrangeiros.

Embora tenha certa atmosfera do clichê americano a la Antes de Partir – especialmente no quesito ‘viver o agora a todo vapor’ – Intocáveis prima mesmo pela falta de pretensão de seus realizadores que até então tinham feito, sempre em conjunto, trabalhos de pouco reconhecimento mesmo para seu país de origem, mas que nesse caso ganha uma embalagem maior e mais atraente, tipo exportação.

Estreiam também: Os Mercenários 2, Procura-se Um Amigo Para o Fim do Mundo, A Rebelião, O Gato do Rabino, Um Homem Qualquer, Quebradeiras e Tudo Que Eu Amo.

Trailer:

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