Especial Oscar: A Hora Mais Escura
A Hora Mais Escura: segunda chance, com sabor requentado.
O ano era 2008, quando a americana Kathryn Bigelow se tornou a primeira mulher a ganhar um Oscar de direção, por Guerra ao Terror, um filme pequeno para os padrões hollywoodianos, que no Brasil chegou a ser lançado diretamente em home vídeo, mas depois de seu sucesso nos Academy Awards, angariando seis estatuetas, voltou para as telas do cinema.
Passados cinco anos da fita que acompanhava o dia-a-dia de um esquadrão antibombas do Exército Americano, a diretora, talvez pelo inesperado sucesso positivo daquele trabalho ou por uma inquietude em abordar a temática político-bélica de seu país, novamente lança voo sobre o Oriente Médio com o longa-metragem A Hora Mais Escura (Zero Dark Thirty, EUA, 2012), último grande concorrente do Oscar desse ano, que tem estreia prevista para essa sexta-feira no país.
Na trama, saem os homens bombas e entra em foco a representação máxima do terrorismo: Osama Bin Laden. O desarmador de bombas interpretado por Jeremy Renner de lá, dá lugar à Maya, uma agente da CIA interpretada por Jessica Chastain (de Histórias Cruzadas), responsável pela caça ao líder terrorista da Al-Qaeda.
Recorrendo novamente à dobradinha com o roteirista Mark Boal, Bigelow também é vítima de repetição no geral. Trilha econômica, suspense comedido e pouca ação em campo eram itens de série de Guerra ao Terror e outros filmes de mesma temática, que foram lançados na mesma época, viram simetria aqui, sem novidades.
Do início ao fim, A Hora Mais Escura transita, em capítulos, pelos dez anos que Maya dedicou sua vida inteiramente em descobrir o paradeiro de Bin Laden, transformando trabalho árduo numa caçada pessoal, devido diversos fatos que surgem desde os atentados de 11 de Setembro, aliás, representados nos créditos iniciais.
Ainda que indicado a cinco estatuetas para o Oscar, que acontece no domingo, 24, e apoiado em elenco coadjuvante de peso, com nomes de Mark Strong a James Gandolfini, A Hora Mais Escura esbarra em qualidade quando comparado, por exemplo, a um dos maiores sucessos recentes da tevê americana, a instigante série Homeland, onde o gênero thriller é levado ao grau máximo e a interpretação arrebatadora de Claire Danes, vencedora do Globo de Ouro e Primetime Emmy, em nada lembra a falta de vigor que Chastain apresenta aqui.
Sabiamente diz-se que o Oscar também é loteria. Se foi sorte ou habilidade que Kathryn Bigelow encontrou pela frente ao jogar esse “Call of Duty” pela primeira vez, essa é a chance de mostrar à Academia o real valor de seu trabalho e esforço. Por mais repetitivo e superestimado que ele tenha sido desde sempre.
Estreiam: As Sessões e De Coração Aberto.
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