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Especial Oscar: A Hora Mais Escura

Oscar 2013

A Hora Mais Escura: segunda chance, com sabor requentado.

A Hora Mais EscuraO ano era 2008, quando a americana Kathryn Bigelow se tornou a primeira mulher a ganhar um Oscar de direção, por Guerra ao Terror, um filme pequeno para os padrões hollywoodianos, que no Brasil chegou a ser lançado diretamente em home vídeo, mas depois de seu sucesso nos Academy Awards, angariando seis estatuetas, voltou para as telas do cinema.

Passados cinco anos da fita que acompanhava o dia-a-dia de um esquadrão antibombas do Exército Americano, a diretora, talvez pelo inesperado sucesso positivo daquele trabalho ou por uma inquietude em abordar a temática político-bélica de seu país, novamente lança voo sobre o Oriente Médio com o longa-metragem A Hora Mais Escura (Zero Dark Thirty, EUA, 2012), último grande concorrente do Oscar desse ano, que tem estreia prevista para essa sexta-feira no país.

Na trama, saem os homens bombas e entra em foco a representação máxima do terrorismo: Osama Bin Laden. O desarmador de bombas interpretado por Jeremy Renner de lá, dá lugar à Maya, uma agente da CIA interpretada por Jessica Chastain (de Histórias Cruzadas), responsável pela caça ao líder terrorista da Al-Qaeda.

Recorrendo novamente à dobradinha com o roteirista Mark Boal, Bigelow também é vítima de repetição no geral. Trilha econômica, suspense comedido e pouca ação em campo eram itens de série de Guerra ao Terror e outros filmes de mesma temática, que foram lançados na mesma época, viram simetria aqui, sem novidades.

Do início ao fim, A Hora Mais Escura transita, em capítulos, pelos dez anos que Maya dedicou sua vida inteiramente em descobrir o paradeiro de Bin Laden, transformando trabalho árduo numa caçada pessoal, devido diversos fatos que surgem desde os atentados de 11 de Setembro, aliás, representados nos créditos iniciais.

Ainda que indicado a cinco estatuetas para o Oscar, que acontece no domingo, 24, e apoiado em elenco coadjuvante de peso, com nomes de Mark Strong a James Gandolfini, A Hora Mais Escura esbarra em qualidade quando comparado, por exemplo, a um dos maiores sucessos recentes da tevê americana, a instigante série Homeland, onde o gênero thriller é levado ao grau máximo e a interpretação arrebatadora de Claire Danes, vencedora do Globo de Ouro e Primetime Emmy, em nada lembra a falta de vigor que Chastain apresenta aqui.

Sabiamente diz-se que o Oscar também é loteria. Se foi sorte ou habilidade que Kathryn Bigelow encontrou pela frente ao jogar esse “Call of Duty” pela primeira vez, essa é a chance de mostrar à Academia o real valor de seu trabalho e esforço. Por mais repetitivo e superestimado que ele tenha sido desde sempre.

Estreiam: As Sessões e De Coração Aberto.

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Estreia da Semana: Margin Call – O Dia Antes do Fim

Margin Call – O Dia Antes do Fim: a iminência da ladeira abaixo.

Estamos em Nova Iorque no ano de 2008. O mundo ainda é mundo e diversas pessoas ainda trabalham nos escritórios de Wall Street. Um desses trabalhadores tardios é Peter Sullivan (Zachary Quinto, de Star Trek). Dando continuidade ao trabalho de seu chefe, ele chega a uma conclusão simples: a noite caiu e o próximo dia está longe de clarear.

Para os desavisados, há três anos os Estados Unidos vêm protagonizando a maior crise financeira do mundo moderno. Alguns julgam o período de turbulência como real, outros apenas dizem que os americanos nunca passaram por tal experiência, portanto, qualquer marola é encarada como um tsunami.

Como não poderia ser diferente, o cinema de Hollywood aproveita-se mais uma vez para banquetear o expectador com diversos filmes que abordem a realidade na qual o país encontra-se. Com a mesma temática, tivemos os complicados e ortodoxos Wall Street e o documentário vencedor do Oscar Trabalho Interno e na outra mão, pudemos ver A Grande Virada e Capitalismo – Uma História de Amor, mais simples e didáticos.

Talvez equilibrado entre as duas classificações, temos agora Margin Call – O Dia Antes do Fim (Margin Call, EUA, 2011), drama do roteirista e diretor estreante J.C Chandor, com estreia prometida para essa sexta-feira no circuito Rio-São Paulo.

Levemente inspirada na trajetória recente do banco de investimentos Lehmann Brothers, a trama segue as horas que antecedem a aparente quebra de uma empresa que presta serviços financeiros – como compra e venda de títulos, contratos, entre outros.

Embora seja calcado num linguajar economês – o que possivelmente limitará a fita a um público muito específico – Margin Call não é de todo ininteligível ou incompreensível, afinal de contas, nós leigos sabemos o que é uma crise financeira, apenas não sabemos seus pormenores, e isso, o título não se importa em revelar.

Temos em primeiro plano Eric Dale (Stanley Tucci, de Julie & Julia), um dos chefes do setor de análise de riscos da empresa. Tudo que se sabe é que haverá um corte de pessoal e Dale está entre eles. Antes de ser colocado para fora da empresa, com a boca fechada e os bolos recheados de dinheiro, ele deixa seu último alerta ao novato Peter Sullivan: “Tome cuidado”.

Logo mais Peter descobre que seu ex-chefe estava sendo generoso com o alerta. O que está por vir é pior, muito pior, do que jamais se imaginou. Peter alerta então seu novo chefe, Will (Paul Bettany, de Criação), que avisa o superior Sam (Kevin Spacey, em mais uma interpretação cretinamente exemplar), formando um efeito dominó.

Também são colocados numa reunião de cúpula, Jared Cohen (Simon Baker, do seriado The Mentalist), Sarah Robertson (Demi Moore) e John Tuld (Jeremy Irons), o dono da companhia, caracterizando que, quanto mais se sobe no escalão de uma empresa daquele tamanho, mais estratosféricos são os limites da ganância, do poder, da riqueza e mesquinhez. Aqui o dinheiro compra tudo, até mesmo se compra vide que, em certo momento da fita, um dólar vale sessenta e cinco centavos dele mesmo.

Repleto de atuações esmagadoras, a excelente fita do estreante J.C Chandor revela um panorama a que estamos cada vez mais acostumados em nossas vidas, talvez numa escala infinitamente menor. Aqui se faz, aqui se compra.

Há certamente consciências que pesam, mas que ora pela coragem, ora pelo medo, acabam se calando. Outros, como é o caso de Peter, mal sabem que independente de sua vontade, acabará vendendo sua alma. Na história não há vilões, porém qualquer homem é corruptível e isso somente dependerá da cifra a ser ofertada.

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